11 dezembro 2010

POR UMA INFÂNCIA SEM RACISMO

A Lei 10639 assinada pelo presidente Lula assim que ele assumiu o cargo de chefe da nação, diz que as escolas públicas e privadas estão OBRIGADAS a ensinar os conteúdos relacionados a História e Cultura Afro-brasileira.  Entretanto, mesmo com a obrigatoriedade este, para mim, é um assunto pouquíssimo discutido nas escolas. Qual será o motivo? Para mim, os motivos podem ser limitados a dois: racismo e desconhecimento. Racismo sim. Já até comentei aqui no blog que nas minhas experiências enquanto professora, sempre senti muita resistência de alunos, colegas e pais em trabalhar as questões relacionadas à etnia. Lembro de um aluno que passou a chamar minhas aulas de HM, História da Macumba. Pois é. Bem, mesmo assim a lei está ai para legitimar uma luta do Movimento Negro em fazer visível o racismo, o preconceito. Pois quando não o admitimos, não conseguimos enfrentá-lo. Mas ele existe, os dados comprovam. E basta se assumir enquanto negro ou negra para sentir o preconceito na pele. E na escola o discriminação é algo notório porém não enfrentado como deveria. Bem, com a preocupação de a médio e longo prazos diminuir o racismo, o UNICEF e seus parceiros lançaram a campanha Por Uma Infância Sem Racismo. Pensando numa ação em rede, a campanha convida a todos e todas a garantir direitos de cada criança e de cada adolescente no Brasil.
Que atitudes podemos ter para combater o racismo em nossas escolas?

1. Eduque as crianças para o respeito à diferença. Ela está nos tipos de brinquedos, nas línguas faladas, nos vários costumes entre os amigos e pessoas de diferentes culturas, raças e etnias. As diferenças enriquecem nosso conhecimento.

2. Textos, histórias, olhares, piadas e expressões podem ser estigmatizantes com outras crianças, culturas e tradições. Indigne-se e esteja alerta se isso acontecer.

3. Não classifique o outro pela cor da pele; o essencial você ainda não viu. Lembre-se: racismo é crime.

4. Se seu filho ou filha foi discriminado, abrace-o, apoie-o. Mostre-lhe que a diferença entre as pessoas é legal e que cada um pode usufruir de seus direitos igualmente.

Toda criança tem o direito de crescer sem ser discriminada.

5. Não deixe de denunciar. Em todos os casos de discriminação, você deve buscar defesa no conselho tutelar, nas ouvidorias dos serviços públicos, na OAB e nas delegacias de proteção à infância e adolescência. A discriminação é uma violação de direitos.

6. Proporcione e estimule a convivência de crianças de diferentes raças e etnias nas brincadeiras, nas salas de aula, em casa ou em qualquer outro lugar.

7. Valorize e incentive o comportamento respeitoso e sem preconceito em relação à diversidade étnico-racial.

8. Muitas empresas estão revendo sua política de seleção e de pessoal com base na multiculturalidade e na igualdade racial. Procure saber se o local onde você trabalha participa também dessa agenda. Se não, fale disso com seus colegas e supervisores.

9. Órgãos públicos de saúde e de assistência social estão trabalhando com rotinas de atendimento sem discriminação para famílias indígenas e negras. Você pode cobrar essa postura dos serviços de saúde e sociais da sua cidade. Valorize as iniciativas nesse sentido.

10. As escolas são grandes espaços de aprendizagem. Em muitas, as crianças e os adolescentes estão aprendendo sobre a história e a cultura dos povos indígenas e da população negra; e como enfrentar o racismo. Ajude a escola de seus filhos a também adotar essa postura.

Estatísticas
No Brasil vivem 57 milhões de crianças e adolescentes, sendo 31 milhões de crianças negras e cerca de 100 mil crianças indígenas (IBGE/PNAD, 2009)
54,5% das crianças são negras ou indígenas (IBGE/PNAD, 2009)
65% das crianças pobres são negras (IBGE/PNAD, 2009)
26 milhões de crianças brasileiras vivem em famílias pobres. Dessas, 17 milhões são negras (IBGE/PNAD, 2009)
A taxa de mortalidade infantil (até um ano de vida) entre crianças indígenas é de 41,9 óbitos para cada mil nascidos vivos (Funasa/2009). A taxa nacional de mortalidade infantil foi de 19 óbitos para cada mil nascidos vivos (Ripsa, 2007)
Das 530 mil crianças de 7 a 14 anos fora da escola, 330 mil são negras e 190 mil são brancas (IBGE/PNAD, 2009)
62% das crianças fora da escola, na faixa de 7 a 14 anos, são negras (IBGE/PNAD, 2009)
Os adolescentes negros têm 2,6 vezes mais chances de serem assassinados em comparação aos adolescentes brancos, nas cidades com população acima de 100 mil habitantes
IHA – Índice de Homicídio na Adolescência
UNICEF/LAV/UERJ/SDH-SPDCA/Observatório de Favelas
Sobre dados do SIM/DATASUS – MS 2006

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